2011-08-04

'Será que minha formação está me prejudicando?' - by Max Gehringer

Transcrição do comentário do Max Gehringer para a rádio CBN, do dia 04/08/2011, sobre se uma super qualificação acadêmica atrapalha na busca de emprego ou não.

Áudio original disponível no site da CBN (link aqui). E se você quiser ler os comentários anteriores do Max Gehringer, publicados aqui, basta clicar neste link.

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'Será que minha formação está me prejudicando?'

qualificação profissional
"Tenho 24 anos", escreve uma ouvinte. "Conclui a faculdade e um mestrado, e comecei um doutorado. Tive um emprego fixo como recepcionista, mas não dei importância a isso porque a minha prioridade era o estudo. Nos últimos meses, enviei currículos, me cadastrei em sites, e através de amigos, consegui quatro entrevistas, que deram em nada. Será que a minha formação está me prejudicando em vez de me ajudar?"

Vamos lá. Eu conversei com o diretor de recursos humanos de uma grande empresa, que recruta centenas de jovens anualmente. Na visão dele, não é o currículo que prejudica pessoas com a formação da nossa ouvinte. É o comportamento.

Como uma empresa não vai contratar para um cargo de chefia um jovem com muitos cursos e nenhuma experiência prática, as funções oferecidas são aquelas de entrada no mercado de trabalho, como assistente, auxiliar ou recepcionista. Essas funções exigem, quando muito, um curso superior.

Os contratados que possuem essa formação mínima não demonstram desejo imediato de mudar de função. Mas aqueles que tinham muito mais cursos que a função exigia, não mostravam paciência para esperar. Ao se comparar com os colegas, eles imaginavam que teriam oportunidades imediatas e se frustraram quando elas não vieram.

Por isso, muitas empresas, como a do diretor com quem conversei, passaram a dar preferência a quem tinha somente a formação exigida, ou talvez um pouquinho mais. Mas não muito mais.

Eu tenho certeza de que a nossa ouvinte conseguirá um emprego. Ao consegui-lo, é indispensável que ela se comporte como se fosse mais uma na turma, e não a cereja do bolo. Espero que a nossa ouvinte consiga se dar bem, e ajude a mudar essa perigosa percepção de muitas empresas de que o candidato super qualificado é mais um problema do que uma solução.

Max Gehringer, para CBN.

Um comentário:

Lua Nova disse...

É perfeitamente compreensível o que ele disse. Já trabalhei com gente que se achava a cereja do bolo e, me parecia que, justo por isso, ela com conseguia exercer satisfatoriamente a função "aquém" da sua capacidade. Acaba criando mais problema do que solução realmente.
Como ele disse,não é o curriculo, é a atitude.
Beijokas.