2010-09-21

Não existe emprego perfeito, nem empresas que só tenham defeitos - by Max Gehringer

Transcrição do comentário do Max Gehringer para a rádio CBN, do dia 21/09/2010, sobre a nostalgia na carreira.

Áudio original disponível no site da CBN (link aqui). E se você quiser ler os comentários anteriores do Max Gehringer, publicados aqui, basta clicar neste link.

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Não existe emprego perfeito, nem empresas que só tenham defeitos

nostalgia saudade
A consulta de hoje renderia um tratado de psicologia.

Num período de 12 anos, um ouvinte passou por cinco empresas e atuou em três áreas diferentes. Todas essas mudanças de emprego foram ocasionadas pelo fato de que sempre que entrava numa empresa nova, o nosso ouvinte chegava à conclusão de que a empresa anterior era melhor. Aí, ele mudava outra vez, em busca do ambiente que tinha anteriormente, mas sem encontrá-lo.

Segundo o nosso ouvinte, o melhor emprego que ele teve foi exatamente o primeiro. Porém, por ser o primeiro, ele não tinha referências e imaginava que haveria coisa muito melhor no mercado. Resumindo, o nosso ouvinte vive constantemente buscando o que já tinha e não soube apreciar ou valorizar.

Eu acredito que esteja ocorrendo com nosso ouvinte, no campo profissional, algo que ocorre com a maioria de nós, no campo pessoal. Quando nos recordamos de nossos tempos de criança, tendemos gradativamente a ir isolando apenas a parte boa. Muito tempo depois, estamos falando com nostalgia daqueles bons tempos que não voltam mais, como se eles tivessem sido um encadeamento de momentos felizes, sem preocupações e nem chateações.

Mas, com um pequeno esforço de memória e uma dose de sinceridade, vamos acabar nos lembrando que não era bem assim. Nós achávamos que a escola era um martírio, nossos pais não nos deixavam fazer o que queríamos, tínhamos coleguinhas chatos e irritantes.

Da mesma forma, o nosso ouvinte não vai encontrar o que procura, enquanto estiver procurando algo que não existe mais, e que talvez nem tenha existido na prática.

O primeiro emprego sempre deixa saudade, por ser uma experiência nova. Os primeiros chefes pareciam ter uma dimensão humana e profissional muito maior do que realmente tinham. Aos poucos, na medida em que o tempo passa e a carreira avança, vamos descobrindo que não existe um emprego perfeito, e nem uma empresa perfeita. Mas também aprendemos que não existem empresas que só têm defeitos e que só contratam pessoas ruins.

O que nos faz continuar progredindo é a nossa capacidade de adaptação ao momento em que vivemos, e não a busca pelo momento que imaginamos ter vivido.

Max Gehringer, para CBN.

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