2010-04-20

'Devo colocar no currículo o salário que eu ganho ou o que consta na carteira?' - by Max Gehringer

Transcrição do comentário do Max Gehringer para a rádio CBN, do dia 20/04/2010, com um conselho pra quem recebe parte do salário por fora.

Áudio original disponível no site da CBN (link aqui). E se você quiser ler os comentários anteriores do Max Gehringer, publicados aqui, basta clicar neste link.

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'Devo colocar no currículo o salário que eu ganho ou o que consta na carteira?'

dinheiro cifrão executivos sonegação impostos
"Por motivos que não vêm ao caso, decidi mudar de emprego", escreve um ouvinte. "Mas tem uma coisa que me preocupa. Eu sou registrado com metade do salário que realmente ganho. A outra metade é paga por fora, como reembolso por despesas. Todo mês tenho que conseguir notas fiscais para poder receber a diferença. Qual valor devo colocar no currículo, o que eu realmente ganho ou o que consta na carteira? E preciso mencionar isso no currículo? E como explico isso numa entrevista?"

Bom, começando pelo começo. Você trabalha numa empresa que está driblando a legislação. A empresa se beneficia dessa prática recolhendo menos impostos, e você é prejudicado porque o valor do seu Fundo de Garantia é a metade do que deveria ser.

Você deve mencionar no currículo o valor que realmente ganha. E deve dizer numa entrevista que não quer mais continuar trabalhando numa empresa que age de forma ilegal. E deve também dizer que sente envergonhado por ter que pedir notas fiscais frias.

Se bem que, pela maneira como você redigiu a sua mensagem, você passou a impressão de considerar que tudo isso é normal. Não é. Você está sendo conivente com uma irregularidade.

O fato de que todos os dias aparecem notícias na imprensa sobre ilegalidades, não significa que liberou geral. O que você está fazendo é ser conivente com uma prática inaceitável. Certamente, na sua empresa há outros empregados na mesma situação que você. E algumas dessas pessoas devem ficar revoltadas quando lêem uma notícia sobre sonegação e impunidade, como se os motivos dos outros não valessem para eles. Ou como se grandes valores merecessem punição, e pequenos valores não.

Para concluir, existem casos, e não sei se esse é o seu caso, em que a soma do salário declarado mais a parcela por fora dá um valor acima da média do mercado para a função. Empresas que fazem isso estão repartindo com o funcionário uma parte do valor sonegado. Não porque elas são boazinhas, mas porque isso torna mais difícil uma mudança de emprego. Se a sua empresa faz isso, você teria que aceitar uma eventual proposta de emprego por um valor abaixo do que você está efetivamente recebendo. A decisão é sua, mas eu sugiro que você aceite.

Max Gehringer, para CBN.

Um comentário:

Márcia de Albuquerque Alves disse...

Acredito que o pior dessa situação é a pessoa achar massa trabalhar no emprego "x" que paga "XY" e a criatura ganhar "XXXXY".

E pior, conheço muita gente que vive assim e ainda acha super-certo!

kkk bjs