2009-05-04

Com crise, mercado abre vagas para jovens dispostos a ganhar pouco - by Max Gehringer

Transcrição do comentário do Max Gehringer para a rádio CBN, do dia 04/05/2009, com dados de uma pesquisa que mostra que o número de vagas no mercado de trabalho aumentou, mas apenas para uma categoria: a dos jovens dispostos a ganhar uma miséria.

Áudio original disponível no site da CBN (link aqui).

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Com crise, mercado abre vagas para jovens dispostos a ganhar pouco

esmola
Uma pesquisa do IPEA, instituto subordinado a Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, revelou um quadro inquietante sobre o mercado de trabalho desde o começo da crise em outubro de 2008.

Nos 6 meses que se passaram, até março de 2009, as oportunidades de emprego só aumentaram para uma categoria: a dos jovens dispostos a ganhar pouco. Para a faixa dos 16 até os 24 anos de idade, foram abertos quase 150 mil postos de trabalho, mas com uma remuneração baixíssima, um salário mínimo por mês.

Nas demais faixas de idade ou de salário, a pesquisa revelou que o desemprego aumentou. A maior queda afetou quem tem entre 30 e 39 anos de idade. Nessa faixa etária, praticamente 300 mil postos de trabalho foram riscados do mapa. Em termos salariais, os que mais sofreram foram os que ganhavam entre 2 e 3 salários mínimos. Quase 260 mil postos nessa faixa de remuneração desapareceram nos últimos 6 meses.

Resumindo os números da pesquisa, muitas empresas trocaram empregados mais antigos e mais caros por jovens que estão começando a carreira e aceitam o sacrifício de praticamente pagar para poder trabalhar. Com isso, as empresas se beneficiam de modo relativo. Porque os custos com a folha de pagamento certamente caem. Mas o bolo geral de salários também diminui, e isso causa uma redução no poder geral de compra.

Ao trocar empregados que ganhavam o suficiente para poder ia às compras, por outros que não terão dinheiro para consumir mais do que o básico necessário, as empresas acabam dando um tiro no próprio pé. Em épocas de crise, porém, a preocupação com o curto prazo tende a ser muito maior do que as projeções de médio e de longo prazo.

Pelo lado positivo, os números referentes a abril, que serão divulgados dentro de 20 dias, deverão ser melhores que os de março, segundo as expectativas dos especialistas. O que não significa que a tempestade passou, mas pelo menos, ela está amainando. Essa é a boa notícia para quem está empregado, tem mais de 30 anos e ganha mais que 2 salários mínimos por mês. Nessa categoria, a mais visada pelas tesouras, quem se aguentou até agora terá boas chances de escapar incólume do arrastão da crise.

Max Gehringer, para CBN.


4 comentários:

Ana P. disse...

Ain... fiquei até com medo de verdade agora.

Mais medo que da gripe suína.

Aliás, minha mãe tá gripada. Vou ficar longe dela por uns dias, HAHUAHAUHUAHUAHAUHUAHAUHUAA!

Anônimo disse...

Sempre um problema essa questão de gente que aceita ganhar pouco...ganhar menos...fazer hora extra sem ganhar...
Me lembro de quando era babá no Rio de Janeiro. Volta e meia escutava um patrão dizendo 'ah, mas a fulana do beltrano cobra tanto' (engraçado que o exemplo NUNCA é pra mais né não?...rs)
Enfim, tem sempre quem vá preferir ganhar menos do que não conseguir a vaga, mas é um ciclo vicioso que no fim só prejudica quem trabalha.
Aliás, ouvi uma entrevista certa vez de americanos que ODEIAM brasileiros justamente porque dizem que onde eles se instalam fica difícil um americano encontrar trabalho porque os brasileiros fazem qualquer coisa ganhando quase nada...

Claro que cada um sabe onde o calo lhe aperta, quando a conta vence...Mas é o tipo de comportamento que atrasa em anos a melhoria de salários...Assim como trabalhar sem carteira assinada ou assinar com salário menor do que se recebe...

E aí, a gente faz O QUE em situações assim???

Bjo

Atrê

disse...

Então quer dizer que é melhor eu agarrar o meu trabalho de salário-minimo com unhas e dentes...

Bjo

CintiaYamane disse...

AAhhh que beleza, preferem contratar 2 mãos de obra barata do que 1 q tenha qualificação... mas as vezes o barato sai caro