2008-08-20

Você não terá futuro numa empresa que abusou do seu passado - by Max Gehringer

Mais uma transcrição dos comentários do Max Gehringer, para a rádio CBN, do dia 20/08/2008. Áudio original disponível no site da CBN.

Desta vez, o assunto é sobre empresas que além de não fazerem parte do ranking de melhores empresas para trabalhar, não são boas para a sua carreira.

Você não terá futuro numa empresa que abusou do seu passado

Hoje vamos falar de um assunto que tem rendido um razoável número de consultas. Muitos ouvintes desempenham funções importantes, mas estão registrados em cargos inferiores. Ou seja, eles não têm nem o título nem o salário compatível com o que realmente fazem. Como exemplo, vou ler uma carta. Um ouvinte diz:

"Sou responsável pela área de compras da empresa. Tenho 8 subordinados, tomo todas as decisões e respondo ao diretor financeiro. Na prática, sou o gerente, mas em minha carteira profissional está escrito que sou comprador. Já meus subordinados, que são compradores, estão registrados como auxiliares. Quero sair daqui, mas quando participo de um processo de seleção em outra empresa, ninguém parece acreditar na verdade. Se me candidato a uma vaga de gerente, acabo recebendo uma proposta para ser comprador, porque minha carteira e meu salário dizem que é isso que eu sou e faço."

Muito bem, digo, muito mal.

Vamos começar tentando entender por que algumas empresas procedem assim. Não é pelo cargo, porque uma empresa pode dar a um funcionário o título de diretor de balangandãs, e continuar pagando a ele dois salários mínimos e uma cesta básica. Porque não existe qualquer lei dizendo que todos os diretores de empresas do Brasil devem ter salários iguais.

O rebaixamento do título e do salário é feito exatamente pelo motivo que nosso ouvinte expôs: para evitar que um bom funcionário consiga uma proposta melhor de outra empresa. E como nosso ouvinte comprovou, essa estratégia, de fato, funciona. Não há ilegalidade nisso, mas certamente há uma falta de ética e de respeito profissional.

A boa notícia é, que cedo ou tarde, uma empresa acreditará na história real, e não na ficção da carteira profissional. E é nesse momento que a empresa atual decide, por pura cortesia, fazer os acertos de cargo e de salário. E tem até a cara de pau de dizer que isso já era para ter sido feito há mais tempo.

A minha sugestão: não aceite ficar, mesmo ganhando um pouco menos. Saia. Você não terá futuro numa empresa que abusou do seu passado.

Max Gehringer, para CBN.

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